Ildomar Martins - Pêlo Duro

Sou pêlo duro, peão campeiro e fronteirista
Nasci na pampa e nesta pampa fiz querência
Me fiz um taura das estradas e minuanos
Neste Rio Grande eu finquei minha existência

Gosto da lida, sou ginete e sou tropeiro
Um cusco amigo me acompanha nas jornadas
Tenho meu rancho no repecho da coxilha
E os sabiás para cantar nas madrugadas

Eu tenho o campo, bom cavalo e as tropilhas
Chinoca linda e mate amargo p'ras auroras
Na minha estampa se retrata o meu xucrismo
E a minha fibra na roseta das esporas

Sou pêlo duro, tenho a alma campechana
Pele queimada dos rigores campesinos
Eu já falei p'raquela prenda loira e bela
Só os olhos dela p'ra domar o meu destino

A tarde cai, eu pego a viola e abro o peito
Ouço cachoeiras duetando com meu verso
Minha vivenda se transforma num castelo
Não há lugar igual ao meu, neste universo